terça-feira, novembro 22, 2005

Sonho ou realidade?

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Ricardo Luis

A John Muir Influence



Today I only went out for a surf, and finally concluded to stay out till sundown, for going out, I found, was really going in, I encountered the clearest way into the Universe and it was through a sparkling sea.
Here is so deeply calm, it’s wonderful how completely everything in the ocean nature fits into us, as if truly part and parent of us. The sun shines not on us but in us. The waves flow not past, but through us, thrilling, tingling, vibrating every fiber and cell of the substance of our bodies, making them glide and sing. The salty crystal water blooms in our bodies as well as our souls, and every bird song, wind song, and wave song of the heart of the ocean is our song, our very own, and sings our love.
Gathering mystical strength and spiritual courage to guide my steps into motherland where all are strangers even within themselves.
As John Muir once said – “Most people are on the world, not in it. Have no conscious sympathy or relationship to anything about them - undiffused, separate, and rigidly alone like marbles of polished stone, touching but separate.”

Ricardo Luis (28/09/1999)

Curiosidades (Triquelitraque)

Desconhece-se a data de criação deste instrumento utilizado na altura do ano que antecede a tradicional "Serração da Velha", sabendo-se todavia que terá pelo menos 200 anos. Se outrora estes instrumentos existiam em qualquer habitação da freguesia, hoje poucos são aqueles que os conservam; alguns foram vendidos a turistas que em grande número visitam a freguesia durante o Verão. O triquelitraque constitui-se por uma tábua e várias fileiras - uma, duas três e até quatro - de martelinhos, sendo que o som do instrumento varia com a espessura da tábua e a quantidade de martelinhos.


Brasão

Brasão: escudo de vermelho, pano de muralha de ouro, lavrado e aberto de negro, movente de uma campanha ondada de seis tiras, a primeira de azul e as restantes de prata e verde; faixa alçada de negro, perfilada de prata e adamascada de rosas de prata. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda a negro:"AFIFE".

O Pano de Muralha; representa os inúmeros castros que povoam os montes de Afife, símbolo da marcante ocupação remota no local.

A campanha ondada de seis tiras, a primeira de azul e as restantes de prata e verde; representam respectivamente o rio Afife que nasce na freguesia, e o Oceano Atlântico que a banha a Poente, constituindo desde longas décadas uma importante fonte de rendimento, inicialmente através da pesca e da apanha do sargaço e mais recentemente do turismo.

A Faixa alçada de negro; lembra o trabalho de gesso decorativo, em que os estucadores de Afife se tornaram exímios desde meados do século XVIII.

Retirado do site:
http://www.freguesiasdeportugal.com/distritoviana/09/afife/brasao.htm

Topónimo (Afife)


É possível que o topónimo Afife se trate de um genitivo antroponímico árabe, "Afif", que inicialmente era utilizado como adjectivo para designar algo ou alguém "virtuoso"; mais tarde porém, aparecia num documento de 1108, com a designação "Afifi", sugerindo a existência de uma "Villa Afifi", que adquiriu o nome do seu senhor. Ao longo dos séculos, o topónimo foi apresentando diferentes grafias: Fifi, Affifi, Afifi, Afife. Há ainda uma justificação considerada popular... Segundo o arqueólogo José Bouça, a origem do topónimo é romana, de "Aff-hifas", significando "sopa de cabelos". Esta definição remonta à época em que a legião de Júlio César invadiu as terras lusas, massacrando as populações e violentando donzelas e damas lusitanas. Estas, para fugir a tal horror, torturaram-se a elas próprias, desfigurando os rostos e cortando os cabelos, cujas madeixas esconderam na corrente de uma fonte, para que não fossem manchadas pelos "lábios impuros do inimigo"; os soldados, para matar a sede, dirigiram-se à fonte e refrescaram os seus lábios com os cabelos molhados das donzelas, resultando daí a expressão: "sopa de cabelos". Há ainda a considerar, que se pode encontrar a localidade de "Afif", que se situa entre Meca e Medina na Arábia Saudita e outra no Gana, com o nome de "Afife".

"Ai! esta palavra - Afife - ! -
(volto, ao murmurá-la, atrás-)
Lento moinho de vento
Feito de espaço e de tempo...
Quanta saudadae me faz!
Oh! casa das mil janelas,
Minhas noites estreladas!
Berço de longas estradas...
Poeta, fiei-me nelas.
Oh! abismos da lonjura,
Reflexos de pedraria!
Porque parti à procura
Daquilo que não havia?
Era aqui, aqui somente
Que eu devia ter ficado,
Afife de toda a gente
Que baila e canta a meu lado!"


Pedro Homem de Melo

Retirado do site:

Resenha Histórica


Afife é uma antiga freguesia localizada à beira mar, a cerca de dez quilómetros a norte da sede de concelho, Viana do Castelo. Confronta pelo Norte, parcialmente, com a freguesia de Âncora, no concelho de Caminha e Freixieiro de Soutelo, no concelho de Viana do Castelo; pelo Sul, confronta com a freguesia de Carreço e com uma pequena área da freguesia da Areosa, pelo Nascente com a freguesia de Outeiro, e pelo Poente com o Oceano Atlântico. Afife detém um admirável cenário de paisagens que se interligam perfeitamente: o mar, a veiga, o casario e o monte. Na costa do mar existe a praia resguardada e dividida por fortes penedias que formam restingas que as abrigam dos ventos fortes do Norte. Na freguesia de Afite nasce um rio com o mesmo nome, que tem três afluentes: os ribeiros da Pedreira, de Agrichousa e do Fojo.
A data de fundação desta freguesia é tão recuada que se perde no tempo, contudo, atestam a presença do Homem nestas paragens desde as mais remotas épocas, os vários castros dispersos no interior da freguesia, mais alguns monumentos arqueológicos, além de abundante material lítico. Dos castros, dois são de enorme importância: o castro ou Morro dos Mouros, ou ainda, Cividade, como foi em tempos designado, situado no alto da montanha que separa a povoação de Afife da de Âncora (concelho de Caminha), visto que está implantado em terrenos das duas freguesias. Este foi um povoado poderosamente fortificado com grossas muralhas de que ainda existem vestígios. Mais próximo do mar, o castro de Santo António, assim chamado pela existência da capela votada ao Santo taumaturgo, ocupa praticamente todo o pequeno montículo, prolongando-se para Sudeste. Além destes dois castros, conhecem-se ainda: o castro do Cutro, onde foram descobertos vestígios de uma estrada de acesso, em espiral; mais dois no lugar de Agrichouso e talvez mais alguns na montanha. Mas os vestígios da passagem do Homem por estas terras não se resumem aos castros, são também importantes testemunhos: uma vila rural romana nas Baganheiras, uma mamoa no Modorro e possivelmente outra no Concheiro, diversos vasos funerários, pedras escavadas na costa que deveriam ser pequenas salinas arcaicas e muitos outros materiais, tais como mós, picos, raspadores, machados, etc. Na vizinhança que limita a freguesia, conhecem-se outras notáveis fortificações castrejas e estâncias arqueológicas, o que lhe transmite, mais uma vez, uma grande antiguidade de povoamento que, no entanto, dada a exposição dos seus terrenos aos assaltos do mar, não pode considerar-se que tenha sido de forma continuada desde as épocas pré-romanas até aos nossos dias.
Alguns historiadores presumem que os Celtas e os Fenícios, aqui se fixaram, especialmente os últimos, povo de navegadores e pescadores, que se instalaram ao longo de grande parte da costa marítima portuguesa. O repovoamento de Afife remonta à tomada de posse da chamada Marinha (território entre o Minho e o Lima, no litoral) pelo Conde de Tui, D. Paio Vermudes, ou algum dos seus filhos, conforme se vê em documento datado do século X, citando villas neste litoral. Assim, o repovoamento ter-se-á dado depois de 868 e antes de 890, não se sabendo se nesta época a terra se chamaria já Fifi ou Afifi (grafias com que se apresentava em referências do final do século IX) ou se recebeu este nome do principal povoador ou fundador, sujeito ao dux ou a seus filhos.
No que refere ao senhorio de Afife, o que parece notar-se é que esta villa foi propriedade de D. Mendo Pais, um dos filhos do Conde de Tui e de um sobrinho deste, de nome D. Paio Soares, pois, sabe-se que estes doaram as suas partes na villa Fifi ao Mosteiro de S. Salvador da Torre, de fundação desta estirpe. Do destino posterior destes haveres do mosteiro nada se sabe de concreto, pois que o cenóbio arruinara-se e tudo o que até então lhe pertencia passou a gente alheia, talvez do século X para o seguinte, com as invasões de Almançor (1). O mosteiro foi reconstruído depois do século XI, por um presbítero descendente directo do supracitado Conde Paio Vermudes, Ordonho Enes, que baseando-se em antiga documentação inventariou os bens alienados e os reinvindicou com êxito.
As Inquirições de 1258 parecem confirmar este facto, uma vez que «in parrochia Sancte Christine de Affifi» citam nas duas villas principais da paróquia, Affifi e Vila Meiãa, numerosos casais do Mosteiro de S. Salvador da Torre, os quais provinham certamente daquelas remotas doações e da restauração dos haveres monásticos no século XI.
Nesta época, tanto as duas villas (Afife e Vila Meã) como a Igreja Paroquial de Santa Cristina eram metade da coroa, mas esta situação pouco tempo durou, porque no mesmo ano, 1258, D. Afonso III veio a principiar a fundação da pobra, actualmente cidade de Viana do Castelo, e numa forma de conceder aos povoadores da nova vila, reguengos suficientes para sua manutenção, procurou o Bispo de Tui, que possuía ali perto o Couto de Vinha (Areosa), para que o mesmo fosse cessado com aquele fim. No entanto, tendo o prelado se recusado a tal suspensão, o soberano procurou então compensar os povoadores de Viana com os reguengos da paróquia de Afife (Afife e Vila Meã). Assim, foi grande parte desta, concedida à pobra de Viana, mas não por muito tempo, uma vez que por pressões efectuadas (pois os reguengos de Afife ficavam longe da pobra), consentiu o Bispo de Tui à cessão anteriormente proposta, acabando D. Afonso III, por compensação ou troca, por lhe ceder a metade (a única que possuía) do padroado de Santa Cristina de Afife. Outro aspecto importante em Afife foi facto de a Sé bracarense ter alcançado aqui bens, sabendo-se que existiu no local, um couto episcopal da dita Sé. Justifica-se a existência desta câmara, através da suposição de que possuiu inicialmente este couto a Sé de Tui, pelos contratos com D. Afonso III para a pobra de Viana (atrás referidos), mas tendo ela começado a perder os seus haveres na parte portuguesa da sua diocese (que dela se separou sob reinado de D. João I), tudo caiu em poder da Sé de Braga que, embora não imediatamente, veio a substituir nesta região do Minho ao Lima, a Sé de Tui
Na História antiga desta freguesia interessa ainda realçar a fundação do Mosteiro de S. João de Cabanas, sobre o qual muito se escreveu e discutiu. Muito contestada foi a informação do cronista Frei Leão de S. Tomaz, em Beneditina Lusitana (livro do Convento das Carmelitas, que hoje se encontra na Biblioteca Nacional de Lisboa), que recuava a fundação do mosteiro ao tempo de S. Martinho de Dume, colocando ainda a possibilidade de ele mesmo o ter fundado. Foram muitos os autores que puseram em causa a veracidade das suas declarações contestando a data de fundação do cenóbio no ano 564, pois outros cronistas da sua época, também baseados em documentos antigos, referiam o ano 602. Esta diferença entre datas foi a causa de tanta discórdia e dúvida existentes quanto ao ano de fundação do mosteiro; após o estudo dos vários documentos, chegou-se à conclusão de que se deveria ter em conta que alguns daqueles testemunhos escritos contavam os acontecimentos, assinalando datas enquadradas na era de César, que excede à de Cristo em 38 anos. Assim se afere que para achar a correspondência entre estas duas datas será necessário que à era de César (ano 602) se tire os 38 anos excedentes, verificando-se que o restante corresponde ao ano de Cristo de 564. Desta forma se conclui que todos os documentos se referem à mesma data de fundação do mosteiro.
Meio século depois já o mosteiro apresentava grande riqueza: «era senhor de todas as terras do monte de Âncora e águas vertentes pelo rio abaixo até ao mar, e além do rio também chamado de Âncora, para a parte do Nascente possuía três milhas de terra, com outras três para a parte do Poente, de que tinha os dízimos, avenças e congruas» (Meira, Avelino Ramos, Monografia de Afife, 1945). Sabe-se que ao fundador do Mosteiro de S. João de Cabanas sucederam vários comendatários que deixaram o padroado do mosteiro a instituições religiosas, ainda depois dos reinados de D. Sebastião e D. Filipe I. Este mosteiro pertenceu aos frades da Ordem de S. Bento e era uma casa para repouso e convalescença dos doentes. Posteriormente foram várias as acções judiciais com gente poderosa que a todo custo pretendia provar não ser S. João de Cabanas, um mosteiro regido segundo a regra de S. Bento, mas sim, segundo a Ordem de Cristo.
Segundo as Inquirições de 1258 (referidas anteriormente), o Mosteiro de S. João de Cabanas foi de padroado real, e o rei que o coutou foi D. Sancho I, em 1187, definindo-lhe os limites deste modo, que muito interessa também à arqueologia local: «ab illo loco ubi vocant petra quiduatentur (isto é, pedra que está sustentada por outras duas, sugerindo uma edificação dolménica) per bouçam de Gomesio, de inde ad cova de Monte Longo et deinde ad bouça de Couto et deinde ad pectra ficta (novo elemento arqueológico notável, mostrando a existência desta petra ficta que uma villa anterior ao século IX, vinda do tempo dos romanos, aqui existira) et deinde ad capita de Faro (topónimo muito comum no litoral em elevações castrejas) et deinde per cacum de Castanheira et nic dividitur per estrara et inde a Valadares deinde ubi prius in coavimus. Este couto foi em favor da ecclesia Sancti Johannis de Cabanas et Suieria abbati nomine Filius Bonus», isto é, ao abade Soeiro, chamado Bom Filho.
Ainda acerca da história desta freguesia podemos ler na integra no livro Inventário Colectivo dos Arquivos Paroquiais vol. II Norte Arquivos Nacionais/Torre do Tombo": «A primeira referência documental a esta freguesia remonta ao século X. Denominava-se então "Fifi".
Segundo o Padre Carvalho, o rei detinha o padroado de Afife, no todo ou em parte, já que D. Afonso III deu metade dela, conjuntamente com a igreja de Santa Maria de Sá, no termo de Ponte de Lima, em 1262, à Sé de Tui, em troca do padroado de Santa Maria da Vinha da Areosa.
De facto, como se documenta na lista das freguesias do bispado de Tui, situadas no território de Entre Lima e Minho, Afife era "medietas domini regis". O aludido documento data de 1258, 1259.
Na relação dos mesmos benefícios, que D. Dinis mandou elaborar em 1320, para atribuição de taxa. Santa Cristina de Afife enquadra-se na Terra de Vinha, sendo taxada de 150 libras.
No Censual de D. Diogo de Sousa (1514-1532) no qual se faz o apuramento da contribuição que os 140 benefícios tinham de pagar à arquidiocese. Afife vem mencionada no concelho de Viana, pagando 714 réis e 7 pretos.
Figura no Memorial de Rui Fagundes, registado no tempo de D. Manuel de Sousa (1545-1549), como comenda, arrendada conjuntamente com a igreja de São João de Cabanas por 150 mil réis.
O Censual de D. Frei Baltasar Limpo (1551-1581) refere que Santa Cristina de Afife está inserida na Terra de Viana, da colação do arcebispo, pertencendo metade dela, com cura, ao mosteiro de São Salvador.
No século XVI era reitoria da apresentação do convento de São Domingos de Viana e comenda da Ordem de Cristo.»

(1) Almançor - Abu Amir, o «Almançor»
Figura destacada da Península Ibérica muçulmana, que nasceu em 939 e morreu em 1002. Foi chefe do exército muçulmano da Península durante mais de duas décadas. Venceu numerosas batalhas contra os cristãos. A sua primeira vitória importante deu-se em 977, quando invadiu com sucesso o reino de Leão. A partir desta altura, passou a usar o apelido de «Almançor» (cognome que significa «o Vitorioso») e exigiu ser tratado como um monarca. Outras campanhas militares de realce levaram-no a Barcelona, Coimbra e Santiago de Compostela.